A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), por meio do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Digital (PDI Saúde Digital), realizou em 17 de outubro o Evento de Encerramento do Projeto de Mapeamento de Iniciativas de Saúde Digital e de Requisitos Tecnológicos. O encontro ocorreu no auditório do Instituto Perdizes (IPer) e reuniu representantes dos 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRSs).
A ação teve como propósito identificar o nível de maturidade digital e os requisitos tecnológicos das instituições que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Estado.
Iniciado em março de 2025, o projeto teve por objetivo identificar e avaliar a disponibilidade e a prontidão dos estabelecimentos de saúde que são prestadores de serviços ao SUS, nas áreas de tecnologia, recursos humanos, capacitação, processos operacionais e características sociais. Percorreu, portanto, diversas etapas – do planejamento e elaboração dos questionários ao desenvolvimento da plataforma, coleta das respostas e análise dos dados. O levantamento registrou 5.325 respostas sobre Saúde Digital e 5.069 sobre Requisitos Tecnológicos.
Desafios, requisitos e recomendações estratégicas
A cerimônia contou com 92 participantes presenciais e transmissão ao vivo pelo canal do PDI no YouTube, que teve média de 148 espectadores simultâneos. Dentre os presentes, estiveram autoridades da área da saúde e da inovação:
● Dra. Maria Cristina Balestrin, Coordenadora de Saúde Digital da SES-SP;
● Prof. Dr. Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, Diretor de Saúde Digital do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e Prof. titular da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP), parceiro da SES-SP no PDI Saúde Digital;
● Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri, Presidente do Conselho de Inovação do InovaHC e Prof. titular do Instituto de Radiologia (InRad/HCFMUSP);
● Engº Antônio José Rodrigues Pereira, Superintendente do HCFMUSP;
● Dra Michelle Louvaes, Gerente Executiva do PDI Saúde Digital.
Também participaram representantes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), da Fundação Faculdade de Medicina (FFM), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS), das DRSs, da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes (FEHOSP), da GetConnect e da equipe do próprio PDI.
Durante a abertura, a Dra. Maria Cristina Balestrin fez uma retrospectiva da trajetória do projeto, lembrando que a iniciativa começou há cerca de três anos, como parte do programa de governo do Governador Tarcísio de Freitas, tendo como um dos projetos prioritários a implantação da saúde digital no Estado.
“A opção pelo formato de PDI, em vez de uma contratação de serviços ou plataformas, foi motivada pela consciência de que a transformação digital exigia formação de pessoas, mapeamento de requisitos tecnológicos e o desenvolvimento de estruturas de governança e inovação”, lembrou. “Em março de 2024, o Ministério da Saúde lançou o Programa SUS Digital, cujas diretrizes refletiam exatamente as propostas que já vinham sendo desenvolvidas em São Paulo desde 2022, um sinal de que o Estado estava alinhado às políticas nacionais e na vanguarda da digitalização do SUS”, completou.
Ela ainda destacou o caráter colaborativo do projeto: “O [mapeamento feito pelo] PDI é uma iniciativa estruturante que depende da integração entre instituições e equipes. Trabalhar com dados confiáveis permite decisões mais assertivas e aumenta a efetividade das ações”.
Na sequência, o Prof. Dr. Giovanni Cerri relembrou experiências de saúde digital anteriores ao PDI, como o projeto de UTI Digital em São Carlos, posteriormente expandido para 17 estados brasileiros; um piloto na região amazônica, premiado internacionalmente e frequentemente apresentado pelo governo britânico, parceiro na iniciativa, como exemplo de sucesso; e iniciativas voltadas à atenção primária e à ampliação da conectividade, com destaque para o Projeto 5G na Saúde, que teve um piloto implementado em uma comunidade indígena xavante, no Mato Grosso. “Essas experiências foram fundamentais para amadurecer um modelo escalável e sustentável, capaz de ser aplicado em larga escala”, disse.
O Prof. Cerri contou que o Governador Tarcísio de Freitas e o Secretário Eleuses Paiva conheceram o projeto ainda antes de assumirem seus cargos, e mostraram-se imediatamente entusiasmados com a proposta, o que impulsionou a criação do PDI Saúde Digital.
Ele pontou também a abrangência e diversidade dos públicos atendidos pelo PDI, e ressaltou que ele é inclusivo e estratégico, por melhorar o acesso da população à saúde, reduzir desigualdades e otimizar recursos públicos. Em tom de reconhecimento, encerrou agradecendo às equipes envolvidas no projeto: “Se não fosse a dedicação e o talento dessa equipe brilhante, não teríamos chegado até aqui”.
O Prof. Dr. Carlos de Carvalho comentou que a implantação do programa tem avançado de forma consistente e colaborativa, e que o projeto agora entra em uma nova etapa, voltada à produção e publicação científica dos resultados obtidos até o momento.
Ele lembrou que o PDI desenvolveu um modelo próprio de avaliação da maturidade digital, adequado à realidade e à estrutura do sistema paulista, e que o próximo passo será documentar e descrever metodologicamente como o mapeamento foi conduzido e quais conclusões ele permite extrair.
O professor reforçou também que o projeto não deve ser visto como uma ação pontual, mas como o primeiro passo de um processo contínuo de transformação digital na saúde pública paulista: “Espero, sinceramente, que o PDI não se encerre. Ele representa a primeira fase da transformação digital, e esse conhecimento precisa avançar. Não é um programa de um governo, é um programa de Estado”.
Em seguida, foi chamado à palavra Antônio José Pereira, que mencionou o orgulho e a satisfação do HCFMUSP em participar ativamente do projeto em parceria com a SES-SP e com a Fundação Faculdade de Medicina (FFM). Ele enfatizou que o êxito do projeto é resultado do trabalho coletivo e da dedicação diária de uma equipe ampla e comprometida: “Deem uma salva de palmas para essas pessoas que fazem o dia a dia. É isso que faz essa diferença!”
Depois de reafirmar o caráter estruturante e permanente da transformação digital na saúde e agradecer também às autoridades do projeto, ele fez um reconhecimento especial às mulheres da equipe, destacando o protagonismo e a competência feminina na condução das atividades e no sucesso do projeto.
Resultados da pesquisa, maturidade digital e próximos passos
Michelle Louvaes atribuiu o sucesso da iniciativa se deve ao trabalho conjunto de diversas instituições e atores-chave. Lembrou que o principal objetivo foi avaliar o nível de maturidade digital e os requisitos tecnológicos das instituições prestadoras de serviços ao SUS em todos os 645 municípios paulistas.
“Aplicamos questionários eletrônicos sobre maturidade em saúde digital e requisitos tecnológicos, e os indicadores avaliados incluíram telemedicina, prontidão organizacional, engajamento da equipe e do paciente, infraestrutura tecnológica, integração de sistemas, governança de TIC, automação e experiência do paciente, entre outros”, explicou.
A pontuação de maturidade variou de 1 a 100, classificando os estabelecimentos em quatro níveis: incipiente, em desenvolvimento, colaborativo e avançado. Dentre os resultados:
● A taxa de resposta foi de mais de 80% da amostra total;
● O Estado de São Paulo foi classificado no nível “em desenvolvimento” tanto em saúde digital quanto em requisitos tecnológicos;
● 16 dos 17 DRSs estão em desenvolvimento; o DRS I (Grande São Paulo) foi classificado como colaborativo;
● A prontidão organizacional foi o destaque positivo, indicando que as instituições estão preparadas para implementar mudanças de forma eficiente e sustentável.
Já a experiência do paciente apontou a necessidade de fortalecer ações de letramento e engajamento digital dos usuários.
O evento foi encerrado com mensagens de reconhecimento e incentivo à continuidade do trabalho. Dra. Maria Cristina Balestrin reforçou: “Ainda temos muitas perguntas, mas demos um passo importante e deixaremos um legado”.
Ela passou a palavra final ao Prof. Carlos Carvalho, que destacou o enorme potencial dos dados consolidados pelas equipes envolvidas no processo de transformação digital na saúde.
Para que essa transformação avance de forma consistente, o professor ressaltou a importância de unir as diferentes áreas da Secretaria da Saúde que hoje atuam nesse tema. “Já é possível identificar regiões e unidades de saúde prioritárias para iniciar ações piloto. Essas experiências locais podem servir de modelo para a formação de redes integradas de atenção, sustentadas por sistemas de regulação, referência e contrarreferência que funcionem de forma conectada em todo o Estado”, afirmou.
O professor também chamou atenção para a necessidade de divulgar essas experiências para além dos muros institucionais. Ainda, disse que registrar e publicar as experiências do PDI é um passo essencial para acelerar essa mudança, pois a documentação não apenas fortalece o conhecimento interno, mas contribui para construir um legado coletivo de inovação no SUS.
Com um olhar para o futuro, ele prevê que até 2030 a maioria dos pacientes com doenças crônicas será monitorada remotamente: “Essa será a consolidação de uma saúde verdadeiramente centrada no paciente”, disse. E finalizou com o convite para que cada profissional envolvido siga contribuindo, documentando e divulgando suas experiências.
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