A Prova de Conceito (POC) do PA Digital marca um momento decisivo na jornada de modernização da saúde pública em São Paulo. Mais do que apresentar números, essa etapa revela como a tecnologia pode redefinir fluxos assistenciais, aproximar o cuidado de quem mais precisa e apoiar a rede de urgência na gestão de casos de baixa complexidade.
Implantado inicialmente como um projeto piloto e hoje em fase de expansão na atenção secundária, o PA Digital foi desenvolvido para oferecer teleatendimentos voltados às demandas classificadas como menos graves.
Esse modelo tem como propósito aliviar a pressão sobre as unidades físicas, contribuindo para reduzir filas e direcionar médicos e equipes locais para situações que exigem maior complexidade e intervenção imediata. Ele integra o Programa Saúde Digital Paulista, por meio do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Digital (PDI Saúde Digital) da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo (SES-SP), em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).
Reorganização de fluxos e atendimento qualificado
A aplicação do projeto nas Unidades Prisionais (UPs) ilustra de forma concreta esse potencial. Entre novembro de 2024 e outubro de 2025, foram realizados 1.769 atendimentos, com uma taxa de resolutividade de 85% e um tempo médio de consulta de apenas 13 minutos. Em um ambiente onde o deslocamento de equipes e o transporte de pessoas custodiadas representam barreiras históricas, o teleatendimento se consolidou como uma ferramenta capaz de levar cuidado qualificado diretamente ao paciente, essencial em um contexto marcado por restrições de mobilidade.
A experiência do PA Digital mostra que romper barreiras físicas, em um presídio não é apenas uma modernização tecnológica, mas um passo fundamental rumo à equidade. O teleatendimento, apoiado em protocolos clínicos e em uma estrutura regulada, oferece avaliação, orientação e encaminhamentos quando necessários, criando um percurso assistencial mais eficiente e centrado no paciente.
Os aprendizados da POC reforçam que o futuro da saúde passa pela capacidade de alcançar as pessoas onde elas estão. Levar o cuidado até o cidadão, e não apenas esperar que ele se desloque até uma unidade, é o caminho para um sistema mais justo e resolutivo. Nesse movimento, o PA Digital atua como ponte entre realidades distintas, transformando obstáculos em vias de acesso e fortalecendo uma rede que se move em direção a uma assistência mais ágil, moderna e acessível para todos.
